Os Exilados de Três ‘Ms’: Márcio, Marcos e Maicon

Nós estávamos todos juntos no casarão, apreensivos depois de ter visto e ouvido pela tv a notícia de que seríamos mortos. Nós seríamos aniquilados por um grupo de extermínio.

Não havia muito o que fazer, pois até a polícia a quem se pudesse recorrer, estava envolvida no processo de farsa; e, tudo isso se daria em apenas alguns minutos. Bastava apenas que eles chegassem até aqui e nos encontrasse.

Então, o grupo inteiro se apavorou e parte dele resolveu se trancar e se isolar em um dos quartos; pois, pensaram, num primeiro momento, que estariam seguros ali.

Mas, logo concluíram que não, que essa não seria a melhor opção, pois ficariam ainda mais indefesos, à mercê dos bandidos. Por isso, decidiram sair dali o quanto antes e unir-se aos outros componentes do grupo para enfrentar a situação.

Quando saíram, eles viram que havia porretes de madeira e barras de ferro pelos cantos da casa que os outros tinham arranjado. Algumas pessoas estavam tentando arrancar a grade de proteção de uma das janelas dos fundo. Elas usavam as barras de ferro para tentar forçá-la a sair.

Eles gostaram dessa ideia e decidiram ajudar. Todo mundo forçou junto a grade e com solavancos, conseguiram arrebentar. Daí, escaparam pelos fundos.

Então, de repente, eles se viram, todos pelo lado de fora, e logo se dispersaram. Fizeram isso sem conversar. Foi quase inconsciente. Instintivamente, saíram pelas ruas, sorrateiros, disfarçando e se escondendo pelos cantos.

Sentiram dentro de si um medo terrível, de que alguém os visse, que pudesse gritar, fazendo sinal para que outras pessoas corressem atrás deles ou apontasse uma arma para suas direções e desse um tiro.

Neste momento, eu me vi sozinho, totalmente perdido e preocupado, estava cruzando as esquinas, cinzas e escuras. O dia já estava quase noite. Eu procurava um jeito de sair do meio da rua, não dar sopa; achar uma casa, uma família onde pudesse me esconder e passar um tempo.

Então, me deparei com uma casa, com varanda grande e garagem, tudo junto. Estava com o portão da frente aberto. Eu carregava na mão uma barra de ferro pesada, arranjada naquele primeiro tumulto.

De longe, eu avistei o dono da casa na qual eu pretendia me esconder; mas, quando cheguei mais perto, eu percebi que ele era o mandante do crime e do tumulto. Eu reconheci seu semblante de um sonho que tive.

Mesmo assim, eu não tinha certeza de nada, eu tinha que tentar seguir e não correr de volta. Eu perguntei se ele podia me ajudar. Ele disse que não; mas, que sabia quem poderia.

Ele apontou pro lado de um pitbull enorme que apareceu do nada. Então, eu mais que depressa subi no teto de uma vã que estava estacionada na garagem. Quando eu termino de subir na vã, eu dei de cara com o pitbull que já estava lá em cima me esperando.

Não teve outro jeito, tive que enfrentá-lo. Por sorte, eu estava com a barra de ferro na mão. Eu consegui acabar com a raça dele num instante.

O dono do pitbull e mandante do crime quando viu aquilo ficou furioso e veio que veio pra tentar me derrubar de cima da vã. Ele agiu com tamanha brutalidade que escorregou e caiu, batendo com a cabeça no chão.

Eu vendo que isso tinha acontecido, aproveitei pra acertá-lo com a barra de ferro; mas, não consegui de primeira, pois, o corpo dele estava um pouco longe.

Então, a esposa dele que tinha assistido o caso do tumulto na televisão e sabia da injustiça e de toda a tramóia, decidiu me ajudar. Ela empurrou o corpo dele com o pé para mais perto da vã, desse modo, eu consegui acertá-lo com a barra de ferro, atingindo na cabeça e matando-o de vez.

Por fim, eu saí dali estressado e nervoso de raiva. Eu estava ainda com mais medo do que antes, por causa de toda a situação nova.

O tempo acabou passando depressa; agora a noite estava totalmente escura e eu ainda percorri um longo caminho até encontrar um outro tumulto de gente, desta vez ainda maior. Eu não compreendia muito bem o que era, mas parecia estar acontecendo algum tipo de show, um comício talvez.

Eu tentei atravessar aquela multidão sem me esbarrar em ninguém para que não fosse reconhecido. Com muita dificuldade eu consegui transpor e cheguei do outro lado. Foi um alívio imediato, foi como se eu tivesse passado para o outro lado de alguma fronteira e estivesse livre de ser preso ou capturado.

Neste exato momento apareceram mais dois amigos que estavam comigo no quarto lá daquele casarão. Eles também de alguma forma tinham conseguido escapar; e, nós, por alguma razão, acabamos chegando ao mesmo local ao mesmo tempo.

Então, nesse momento uma voz interlocutora falou comigo. Era como se fosse uma voz de algum narrador onisciente.

‘Está vendo? Estes são os três principais exilados do seus países. E, ainda tem gente que diz que exilados não sofrem nada. São como pessoas que tiram de férias em outro país.’

Um conto por AParmonte

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